Trabalhadores Globais da Tecnologia: Ganhe em Dólar sem Sair do Brasil

Ganhar em dólares ou euros, mas permanecer no Brasil, parece uma ideia tentadora, não é mesmo? É exatamente o que os "global workers" (trabalhadores globais, em português) estão alcançando em suas carreiras.

Esse movimento ganhou destaque, especialmente durante a pandemia, quando o trabalho remoto se tornou comum, o valor do dólar se valorizou e a digitalização impulsionou a demanda por profissionais de tecnologia.

De acordo com o relatório "Global Workers 2023" da startup Husky, uma fintech brasileira especializada em transferências internacionais, o número de trabalhadores globais aumentou impressionantes 491% entre 2020 e 2022, com salários chegando a até R$ 29 mil.

A maioria desses profissionais atua em áreas como Ciência da Computação, Sistemas de Informação e Engenharia da Computação. Eles são predominantemente homens, na faixa dos 30 anos e, em sua maioria, não têm filhos.

Tecnologia impulsiona o futuro do trabalho

A adoção de tecnologias específicas está prevista para impactar a criação de empregos entre 2023 e 2027, conforme aponta o relatório "Future of Jobs Reports 2023" do Fórum Mundial Econômico. Algumas das aplicações em destaque incluem:

Big-data analytics - 58%

Tecnologia de mitigação das mudanças climáticas - 49,5%

Tecnologias de gestão ambiental - 45,8%

Criptografia e segurança cibernética - 43,3%

Biotecnologia - 42,9%

Tecnologias agrícolas - 41,3%

Plataformas e aplicativos digitais - 41%

Tecnologias de saúde e cuidados - 40,3%

Tecnologias de educação e desenvolvimento da força de trabalho - 39,8%

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Outras soluções importantes, embora não estejam no top 10, incluem comércio eletrônico e comércio digital (36,6%), realidade aumentada e realidade virtual (39,6%), inteligência artificial (25,6%) e computação quântica (23,5%).

Portanto, essas áreas devem acirrar a competição global por talentos nos próximos anos, atraindo a atenção dos trabalhadores brasileiros.

Buscas por vagas de trabalho remoto no exterior em ascensão

Nos últimos 12 meses, as pesquisas no Google por "vagas home office no exterior" atingiram picos em janeiro de 2022 e agosto de 2023 (com setembro seguindo a mesma tendência).

Além disso, no setor de tecnologia da informação (TI), as empresas internacionais estão demonstrando um crescente interesse por profissionais brasileiros. Isso se deve a diversos fatores, incluindo o fuso horário favorável em alguns casos, alta qualificação técnica e uma força de trabalho jovem.

Além das habilidades técnicas, as chamadas "soft skills", como mentalidade criativa e inovadora, têm sido um diferencial valorizado por empresas no exterior.

Enquanto isso, empresas nacionais estão buscando se destacar oferecendo benefícios como flexibilidade e dinamismo.

No entanto, para muitos, a conversão para dólar ou euro supera a média salarial brasileira, tornando o trabalho remoto internacional ainda mais atrativo.

De acordo com a pesquisa da Husky mencionada anteriormente, para 35,4% dos participantes, o salário é um dos principais atrativos para se tornar um "global worker", superado apenas pela opção "oportunidades de emprego" (37,8%).

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Cenário de Incerteza Preocupa Profissionais de Tecnologia

Desde 2022, tem havido demissões em massa tanto em grandes empresas de tecnologia quanto em startups, levantando especulações sobre a tentativa de reduzir os salários dos profissionais de tecnologia.

No Brasil, em particular, empresas menores passaram a ser vistas como menos seguras. Isso gerou um certo receio de que demissões possam ocorrer a qualquer momento, mesmo que as chances de recolocação sejam maiores para profissionais de tecnologia.

A pressão para o retorno ao trabalho presencial também é uma preocupação, embora as empresas tendam a ser mais flexíveis devido à alta demanda por esses profissionais.

No entanto, assim como ocorre em áreas de pesquisa científica, o Brasil está perdendo talentos que poderiam impulsionar o desenvolvimento tecnológico do país para o exterior.

Esse fenômeno é conhecido como "fuga de cérebros" e pode ter um impacto significativo na economia nacional. De acordo com estimativas do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos, vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Brasil pode ter perdido 6,7 mil cientistas para o exterior.

Em 2022, o Brasil ocupou o 9º lugar na lista de países e territórios com maior escassez de mão de obra qualificada, de acordo com um levantamento da consultoria ManpowerGroup, especializada em recursos humanos.

Além disso, profissionais altamente especializados, que atraem salários mais elevados, nem sempre recebem o reconhecimento merecido no Brasil. Dependendo do nível de especialização, as oportunidades de emprego internacional podem ser mais atraentes.

Isso levanta uma reflexão importante sobre como o país pode reter e valorizar talentos em tecnologia em um cenário competitivo e em constante evolução.

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