O sistema de boletos bancários, uma das formas mais tradicionais de pagamento no Brasil, está prestes a passar por uma revolução em 2024. Essa transformação visa agilizar a liquidação de cobranças via boleto, tornando o processo mais eficiente. Liderado pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) e pela empresa de tecnologia financeira Núclea, o projeto está em fase de homologação e tem como propósito modernizar essa modalidade de pagamento.

Pagamentos instantâneos

A partir de 19 de janeiro de 2024, os boletos bancários serão liquidados no sistema interbancário no mesmo dia do pagamento, ou seja, no prazo D+0. Isso significa que o valor pago por meio de boleto será processado e repassado ao beneficiário no mesmo dia, eliminando o prazo de um dia útil (D+1) que atualmente é necessário para o processamento. Essa mudança é uma resposta à crescente popularidade do Pix, um sistema de pagamento instantâneo no Brasil.

Walter Faria, diretor adjunto de Operações da Febraban, ressaltou a importância de modernizar a cobrança via boleto, especialmente devido à concorrência do Pix. O Pix se tornou uma opção mais rápida e conveniente para muitos brasileiros, e a modernização do boleto é uma maneira de manter sua relevância como método de pagamento.

Benefícios e impactos

O novo sistema de liquidação em D+0 será implementado em dois horários diferentes durante a tarde. Para os consumidores que utilizam boletos para efetuar pagamentos ou doações a instituições do terceiro setor, não haverá mudanças em termos de custos ou processamento. No entanto, para as empresas que emitem boletos, essa alteração é vista como benéfica, uma vez que acelera o recebimento de pagamentos.

A modernização do boleto bancário começou a ser discutida desde a implantação da base centralizada de dados interligada às instituições financeiras em 2017. No entanto, com a popularização do Pix, a necessidade de acelerar a modernização se tornou ainda mais urgente para evitar a perda de espaço para o novo sistema de pagamento.

A Núclea, uma empresa de tecnologia financeira resultante da desmutualização da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP), lidera o projeto de modernização. Leonardo Ribeiro, Superintendente de Negócios da Núclea, explicou que a previsão inicial era começar a implementação da liquidação em D+0 em outubro. No entanto, a expectativa de aumento na emissão de boletos devido à Black Friday e ao Natal levou ao ajuste no cronograma.

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Apesar de o boleto não ser a primeira opção no comércio eletrônico, ele ainda é amplamente utilizado em setores como educação, seguros e empresas que precisam efetuar pagamentos a fornecedores. A partir de janeiro, a quantidade de boletos registrados no sistema tende a diminuir, reduzindo os riscos e impactos para os bancos que trabalham com essa modalidade de cobrança.

Inicialmente, espera-se que até 40% de todos os boletos pagos enviados para compensação sejam liquidados no mesmo dia. Essa liquidação em D+0 se aplica a boletos físicos e eletrônicos, que são registrados como Débito Direto Autorizado (DDA). A Febraban planeja expandir esse percentual de boletos liquidados no mesmo dia ao longo de 2024.

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Fim do DOC

Além das mudanças no boleto bancário, o Documento de Ordem de Crédito (DOC) também será descontinuado em 2024. Essa modalidade, criada em 1985 pelo Banco Central, envolve transferências que são efetivadas um dia após o banco receber a ordem de transferência e deixará de ser oferecida a partir de 29 de fevereiro de 2024. Pessoas físicas e jurídicas poderão usar o serviço de emissão e agendamento de DOC até 15 de janeiro de 2024 para programar envios de valores até a data de fechamento do sistema.

Essas mudanças, incluindo a modernização do boleto bancário e o fim do DOC, representam uma significativa evolução no sistema de pagamento no Brasil, visando maior eficiência e comodidade para os consumidores e empresas. Elas refletem a constante evolução do setor financeiro, impulsionada pela tecnologia e pelas necessidades dos consumidores. Com a entrada em vigor dessas mudanças em 2024, espera-se uma melhoria significativa na velocidade e eficiência das transações financeiras no Brasil. Isso demonstra como o mercado financeiro se adapta às demandas contemporâneas e às novas tecnologias, tornando a vida dos consumidores mais prática e conveniente.